No ano em que Clarice Lispector (1920-1977) completaria 100 anos, o circuito de teatro do Rio de Janeiro reúne de uma só vez nada menos que quatro espetáculos em homenagem à escritora. E o momento não poderia ser mais oportuno, afinal, destes, três estão estreando nesta semana de celebrações pelo Dia Internacional da Mulher, a ser comemorado, de fato, nesse domingo (08).
A fim de também prestar uma deferência a todas as mulheres, o RIO ENCENA reúne abaixo uma lista com peças que estão em cartaz pela cidade neste fim de semana também exaltando figuras femininas, seja de forma específica, como no caso de Clarice, ou em geral.
Em cartaz desde fevereiro no Teatro Maison de France, “Missa Para Clarice” realiza um verdadeiro culto, reflexivo e divertido, à escritora a partir de sua própria obra. Já “A Hora da Estrela ou o Canto de Macabéa”, que estreou na quinta (05) no CCBB, é inspirado num dos maiores clássicos de Clarice e conta a saga de uma migrante nordestina.
As homenagens à escritora seguem com “Ao Redor da Mesa com Clarice Lispector”, que recém estreou no Sesc Copacabana com um texto fruto de uma profunda pesquisa sobre Clarice e sua obra. Por fim, “Maravilhoso Escândalo”, que está reestreando no Teatro Municipal Glaucio Gill e levando ao palco o texto homônimo da escritora sobre questões como tempo, vida, sonhos, coragem e medo.
Outros exemplos de montagens que homenageiam mulheres reais são o drama “Leopoldina, Independência e Morte”, que compartilha com o público uma faceta pouco conhecida da imperatriz e esposa de Dom Pedro I, e “Quebrando Regras – Um Tributo a Tina Turner”, comédia musical que enaltece a cantora norte-americana.
Injustiça, desrespeito, misoginia…
Por fim, os espetáculos que chegam a este fim de semana especial falando das mulheres, sem citar uma figura histórica específica, mas tocando em temas super importantes. No caso de “Corpo Minado”, em cartaz no Sesc Ginástico, a abordagem é a respeito dos obstáculos ligados a sexualidade, raça e classe impostos a mulheres negras na periferia do Rio.
Numa linha semelhante, “Ielda – Comédia Trágica” narra a história da personagem-título, uma mulher pobre e humilde que vê sua realidade se tornar ainda mais dura depois se der acusada injustamente de assassinato. Também com humor, “Furdunço no Fiofó do Judas”, também no Maison de France, fala da cultura nordestina, mas também de respeito às mulheres a partir da história de quatro prostitutas.
Já “Mulher Multidão” e “Como Todos os Atos Humanos” , que estão na Casa de Cultura Laura Alvim e no Poeira, respectivamente, abordam temas super parecidos. O primeiro se apresenta como um recital feminista que usa a poesia da idealizadora Maria Rezende para tratar de machismo e misoginia. E o segundo conta uma história de parricídio, crime que caracteriza o assassinato do próprio pai. A morte acontece após anos de abusos e violência cometidos por um homem contra a própria filha.
E então, que tal curtir este fim de semana das mulheres (não que os outros não sejam!) no teatro? Escolha um espetáculo e divirta-se!