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‘Netflix do Teatro’ acumula visualizações durante quarentena e surpreende idealizador: ‘Não esperava’

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Tempo estimado de leitura: 4 minutos
Eduardo Chamon começou o projeto após o início da quarentena Foto: Arquivo pessoal

Entre as opções para quebrar o tédio em tempos de quarentena contra o novo coronavírus, os serviços de streaming estão entre as mais procuradas. Afinal, com a recomendação para isolamento social, muitas pessoas estão ficando em casa mais do que o habitual, e assistir a séries e filmes na hora em que se deseja acaba sendo uma excelente saída. Mas por que não assistir a espetáculos de teatro também? Com todas as salas do estado fechadas há mais de um mês, companhias e produtoras já vêm disponibilizando peças na íntegra na Internet, mas o produtor de vídeos Eduardo Chamon foi além e criou uma plataforma que reúne dezenas de montagens em um único catálogo. Uma espécie de “Netflix do teatro” que, pelo visto, vem agradando e quebrando paradigmas!

Com o avanço da pandemia – que já registra 4.349 casos confirmados e 341 mortes no estado, segundo a Secretaria de Saúde – Eduardo, assim como todos os profissionais que trabalham com cultura, precisou se reinventar, já que a Chamon Audiovisual, sua empresa de filmagem de espetáculos, teve as atividades suspensas. Foi então que ele decidiu tirar do papel um projeto idealizado há anos e que ganhou força com as circunstâncias da quarentena, que faz os frequentadores de teatro trocarem as plateias pelo sofá de casa.

No site Espetáculos Online, Eduardo – que levou para o projeto dois profissionais que também são da sua produtora – não hospeda vídeos de peças, mas, sim, exibe os que já estão sendo veiculados no Youtube e no Vimeo. Todos com permissão dos respectivos produtores. Assim, o público pode ver ou rever num único lugar dezenas de espetáculos. E quanto custa este serviço? Nada! Aliás, a gratuidade, provavelmente, explique a boa audiência que a plataforma vem alcançando, com mais de 100 mil visualizações apenas na primeira semana de funcionamento – de 09 a 16 de abril.

— Eu não esperava (tanta procura). Tudo na Internet acontece rápido, mas o teatro filmado não era tão aceito. Mas é algo que acontece no mundo, um espaço com pessoas disponibilizando seus trabalhos, e o público os encontrando de uma forma mais amigável. É uma experiência parecida com serviços on demand, só que gratuita. E esta é a grande chave, porque não tem a fronteira física e nem a do custo – analisa Eduardo em entrevista ao RIO ENCENA, garantindo que não pretende cessar o projeto ao fim da quarentena.

O catálogo de peças adultas tem mais de 40 títulos Foto: Reprodução/Internet

Ao tentar entender a rápida adesão ao projeto, o produtor toca numa recorrente questão relacionada às artes cênicas: uma peça gravada e exibida através de uma tela, sem a magia do ao vivo, pode ser considerada teatro? Eduardo acredita que a coexistência é possível.

— A aceitação me surpreendeu também porque as pessoas estão tratando como se tivessem assistido às peças de verdade. Já saiu até crítica em blog (risos). E acho que a cabeça das pessoas está abrindo mais para o que é um palco filmado. Isto mostra que o teatro está vivo. Antes mesmo da pandemia, o teatro vivia uma crise de dois ou três anos para cá. Eu entendo a plataforma como forma de colaborar para formação de plateia. Prospectar a cultura e quebrar barreiras, porque a Internet não tem fronteira. Da região Norte, Nordeste, as pessoas podem ter acesso. Isto para mim é o maior gol. E não existe concorrência entre o filmado e o ao vivo, uma coisa não substitui a outra – pondera o produtor, que promove “estreias” às quintas-feiras: — É para preservar a cultura do teatro.

Atualmente, a Espetáculos Online – que soma mais de 3.500 mil seguidores no Instagram em cerca de 15 dias – apresenta no catálogo 60 espetáculos, entre infantis (“Pluft, o Fantasminha”, “Makuru, um Musical de Ninar”…) e adultos (“Maria do Caritó”, “O Musical Mamonas”, “O Frenético Dancin’ Days”…). Deste total, muitos o próprio Eduardo já tinha a filmagem e pediu autorização de exibição aos produtores, e com outros tantos aconteceu o oposto. Mas o que há em comum em todos, são alguns critérios a serem seguidos para que o compartilhamento no site seja viável.

— Tem que ser uma filmagem oficial, nada pirata. Uma curadoria avalia se o material conta a história da peça, avalia parte técnica, edição, áudio… – enumera, Eduardo, que por enquanto coloca no site apenas espetáculos na íntegra, mas pretende expandir para outros tipos de material: — A ideia é não ser só teatro e só vídeo. Queremos abrir espaço também para espetáculos de dança, de música… O que acontece no palco é bem-vindo. E também pensamos numa exposição online de fotos de palco.

E no que depender do arquivo do próprio produtor, material não faltará para alimentar a plataforma. No ramo de filmagens de espetáculos desde 2005 – quando registrou o musical “Camila Baker – A Saga Continua” – ele tem centenas de vídeos de produções teatrais engatilhados para compartilhamento.

— A quarentena potencializou essa ideia, mas ela existe há muito tempo. Sempre tive vontade de abrir minha gaveta e mostrar um acervo riquíssimo. Há mais ou menos dois anos, venho fazendo backup do meu material, organizando arquivos. Tenho hoje uns 400 vídeos já organizados e prontos para liberar. Estou esperando só autorização – finaliza Eduardo, esperando que o teatro filmado não se enfraqueça quando o ao vivo voltar: — A quarentena fez as pessoas entenderem a necessidade de liberar esse material. A aceitação do público vem por conta da quarentena, mas muitos produtores, e são eles que decidem o tempo de permanência, pensam em deixar para sempre.

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