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‘A Hora da Estrela’ é trabalho exemplar de uma companhia de pesquisa de envergadura

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Site de notícias e entretenimento especializado no circuito de teatro do Rio de Janeiro
Tempo estimado de leitura: 2 minutos

Fundada em 2008, a Definitiva Cia. de Teatro nasceu com a proposta de pensar a relação entre cena e música de maneira diferente dos musicais tradicionais. Em “A Hora da Estrela”, peça baseada no romance homônimo de Clarice Lispector em cartaz no Sesc Tijuca, a companhia traz não só seu processo de trabalho mais longo, como também o mergulho mais concreto em sua proposta inicial, pois toda a parte musical do espetáculo é realizada pelos atores, ao vivo. Todos cantam, tocam (muitos aprenderam a tocar um instrumento para esta peça), operam luz e som em cena.

A história do romance divide o palco com outras duas: a do processo criativo da companhia na sala de ensaio; e a reflexão sobre o processo da própria Clarice como escritora. É o que mais me chamou a atenção na peça, pois o fato de serem três “histórias” não dispersa o foco do romance. Pensar o processo de escrita de um autor é algo que raramente vemos em trabalhos que utilizam a sua obra, adaptando-a ou não. É uma etapa reflexiva que acho fundamental, sobretudo em se tratando de Clarice Lispector, que tem uma linguagem particular. A exposição do trabalho da própria companhia, junto com depoimentos pessoais, completa a trajetória autor–romance–peça. Fora que é sempre um presente ter acesso às reflexões e ao processo criativo dos autores da obra de arte que estamos contemplando, ainda mais durante a contemplação!

Para além destas três camadas, a peça é permeada de música, mas não aquela virtuosa, onde os atores param tudo, vão para o centro do palco e soltam a voz; a música se embrenha nas cenas, de todas as maneiras possíveis. O repertório vai da ópera italiana “Una furtiva lacrima”, de Donizetti, a “Assum Preto”, de Luiz Gonzaga (que, aliás, acompanha a companhia desde seu trabalho anterior, “Deus e o Diabo na Terra do Sol”), passando por “Lamento de um Blue”, composta por Renato Frazão especialmente para o espetáculo. Já dá para ter uma ideia da diversidade que a peça traz, e como cada canção foi pinçada para momentos e funções específicas.

Uma ótima pedida para quem quer apreciar um trabalho de qualidade, e simplesmente imperdível para quem gosta de trabalhos de pesquisa de linguagem – normalmente a cargo de companhias com certa estrada.

Um abraço e até a próxima!
Dúvidas, críticas ou sugestões, envie para pericles.vanzella@rioencena.com.

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