Há quem diga que o teatro está renascendo. Mas este termo refere-se a algo que morreu, o que não é o caso do teatro, pois ele sempre esteve vivo. Estaria, então, ressurgindo? Talvez. Retomando? Pode ser. Voltando ao seu lugar natural? Sim.
A classe artística foi uma das que mais sofreu durante o período pandêmico. Isso é inegável! Salas fechadas por meses foi desastroso. Mas também há algo inegável: a capacidade do teatro de resistir.
Mas não pense que é só durante uma pandemia. Ao longo dos séculos, desde a sua origem até a eternidade, com todos os descasos para consigo, o teatro nunca morrerá e muito menos se entregará.
Sem dúvidas, é de extrema alegria estar acompanhando as notícias teatrais aqui do Rio de Janeiro. Os teatros voltando a ter plateia, peças em cartaz, projetos acontecendo… Não só no Rio, mas em todo o Brasil. Um alívio grandioso tanto para profissionais, quanto para estudantes.
Mas como eu ia dizendo, o teatro merece esse retorno. Pois lutou e se adaptou durante a pandemia com maestria. A vertente do “teatro digital” veio com tudo, o que permitiu com que essa arte continuasse viva. Algo que não teria acontecido sem a resiliência de todos os atuantes envolvidos na área. Eu, como recém-formado, posso afirmar que, através do digital, o teatro sempre esteve vivo.
Foram milhares de instituições de nível técnico e superior, milhares de profissionais, grupos teatrais e também alunos que não se deixaram abalar. Resistiram por meses e fizeram acontecer de uma nova forma. Fosse estudando, se preparando ou trabalhando. Isso é o poder do teatro de enfrentar os tempos, seja ele qual for.
Vale, claro, mencionar também o público, que acompanhou online diversas apresentações e sempre manteve a esperança viva, dando força a todos e provando a importância de acompanhar e receber, mesmo que em casa, arte e cultura.
Não é de se espantar que o “teatro Digital” continue em atividade – ainda que em menor intensidade – pois é uma possibilidade que veio para ficar. E penso que ganhará força em um futuro não muito distante.
Veja bem, não se pode proibir um rio de correr, pois é o seu curso natural. Se assim for feito, ele sempre irá imediatamente encontrar uma maneira de se expressar, seja para qual lado for. Tal como não se pode proibir a vida de seguir o seu curso natural: a expressão.
Se assim for feito, sempre iremos encontrar imediatamente uma maneira, um lado, uma saída para nos expressarmos. E em nosso caso, a expressão sempre resultará em arte. E a nossa corrente é a atuação.
Assim como um rio nunca deixará de correr, o teatro jamais deixará de existir.
* Adriano Talentti, ator, redator e empreendedor, é colunista convidado do Rio Encena nesta semana
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