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Devido à pandemia, Maison de France, que teria algumas semanas após anúncio de fechamento, não abre mais

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Tempo estimado de leitura: 3 minutos
Fachada do prédio do consulado francês no Rio, onde fica o Teatro Maison de France

Poucos dias antes de o governador Wilson Witzel decretar em 13 de março o isolamento social como medida de combate ao novo coronavírus, saía a notícia de que o Teatro Maison de France fecharia as portas no fim deste mês de abril. Ou seja, haveria, aproximadamente, mais um mês e meio de atividades pela frente. Entretanto, com a pandemia, o circuito teatral do Rio de Janeiro cessou por completo, abreviando assim a existência da tradicional sala da Avenida Antonio Carlos, no Centro, que vinha em funcionamento ininterrupto desde 2002.

O RIO ENCENA entrou em contato com uma fonte da direção do equipamento, que declarou que o Consulado Francês no Rio, proprietário do imóvel que decidiu não renovar o contrato de concessão, não levou em consideração a paralisação e optou por não dar uma sobrevida pós-Covid 19 ao teatro, onde estavam em cartaz, quando teve início a quarentena, os espetáculos “Furdunço do Fiofó do Judas” e “Missa Para Clarisse”.

Ainda de acordo com o membro da diretoria, mais duas afirmações: estas produções já foram informadas de que as atividades do espaço não serão retomadas; prováveis reformas ainda não começaram por lá, já que a estrutura ainda está intacta. Já o projeto que passará a ocupar o local segue uma incógnita.

— A estrutura está mantida até agora. Só não podemos dar mais informações porque ainda não sabemos o que será feito lá. Um novo teatro, um centro cultural… – explicou.

Nossa reportagem entrou em contato com o consulado, mas, devido à quarentena, não havia ninguém no prédio que pudesse responder sobre o assunto. Já no site oficial da instituição, há uma nota, atualizada no dia 06 de março, que, praticamente, descarta a possibilidade de ser aberto um novo teatro e dá mais detalhes sobre o pedido de devolução do imóvel.

Num parágrafo do texto, o consulado diz que o fechamento do Maison de France foi uma decisão em comum acordo com o Instituto Molière, administrador do espaço nos últimos 20 anos. Já mais abaixo, admite que o fato de o grupo não ter firmado para 2020 contratos com patrocinadores, recurso “indispensável para o funcionamento do teatro”, tornou inviável a manutenção da atividade.

Ainda na nota, os franceses até reconhecem que a última reforma no teatro não faz tanto tempo (20 anos), mas ressaltam que “se fazem necessárias novas obras, principalmente no que diz respeito às normas de segurança” que estariam orçadas em R$ 5 milhões, um valor “alto demais para uma associação como o Instituto Molière”. Por fim, o consulado declara que reabrirá a sala “tão logo seja possível”, com uma “nova proposta cultural de alta qualidade”.

Palco de grandes montagens

No início de março, o RIO ENCENA falou com o francês Cédric Gottesmann, curador do Maison, que soube do próprio cônsul geral Jean-Paul Guihaumé sobre o fechamento. Ele estava na equipe desde 1998, quando começou o processo de reforma e reabertura da sala, fechada havia 16 anos antes.

Já em 2000, Cédric passou a ser o responsável por captar recursos para a reinauguração, que ocorreu dois anos depois, com o espetáculo “Variações Enigmáticas”, com Paulo Autran (1922-2007) e Cecil Thiré. Desde então, o Maison de France foi palco para célebres montagens com artistas de renome, como a comédia “É”, de Millor Fernandes, com Fernanda Montenegro e Fernando Torres (1927-2008); “Intimidade Indecente”, com Marcos Caruso, Irene Ravache e Vera Holtz; “O Escândalo Philippe Dussaert”, também com Caruso, além de “Um Barco para o Sonho”, último trabalho de Tônia Carrero (1922-2016), no qual atuou ao lado de Mauro Mendonça. Um tempo que não volta mais!

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