Mais longo do que qualquer peça do Zé Celso, o Carnaval do Rio de Janeiro faz as ruas Cariocas virarem o maior palco de teatro do mundo por quatro dias consecutivos (mas, se você for um adepto empolgado, você acha folia por ainda mais dias).
Quando eu morava fora do Brasil, uma vez me perguntaram: onde é o Carnaval?
Não existe a frase, ‘vou ali no Carnaval’. O Carnaval acontece, queira você ou não.
Como explicar a um gringo que o Carnaval acontece em todos os lugares? Nas ruas, nas praças, em variadas cidades, dentro de casa, em clubes, em bares, nas praias… o Carnaval não precisa de lugar especifico para acontecer. O Carnaval, como a arte, está dentro de cada um de nós.
A vontade de se fantasiar e não ser si próprio por alguns dias leva a teatralidade para cada fantasia que escolhemos, para cada acessório que colocamos.
Eu, por exemplo, criei o costume de todo sábado de Carnaval, não importa onde eu esteja (sozinha em casa ou pelas ruas de Manhattan), sempre uso um par de asinhas. Um clássico. Hoje, aos 34 anos, já passei por um bocado de Carnavais, e nem sempre estou com tanto ânimo para estar no meio de foliões e sempre à caça de um banheiro, porém, como brasileira, não consigo abandonar minhas asinhas no sábado de Carnaval.
Também não consigo abrir mão de escutar a Marcha de Quarta-Feira de Cinzas, de Vinícius de Moraes e Carlos Lyra, na quarta-feira de cinzas. Faz parte de quem eu sou. Faz parte do meu ritual.
Encontramos a teatralidade no Carnaval nos desfiles de escolas de samba, nos bloquinhos de rua, nos bailes de clubes, nas festas nos fundos de casas, ou até, como já promovi algumas vezes, dentro de apartamento, com direito a confete e serpentina regada a muitas marchinhas clássicas e sambas históricos.
Todo o ritual que envolve os foliões, toda a alegria de ter um momento para poder ser quem você quiser, está tão presente no Carnaval como nos palcos teatrais durante todo o ano.
Abraços efusivos e até a próxima semana!
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