Com o anúncio da prefeitura do Rio de Janeiro nesta sexta-feira (16) prorrogando as medidas de restrição contra a pandemia, os teatros da cidade, em sua grande maioria, seguem sem programação presencial. De acordo com o decreto municipal, até o próximo dia 27 – quando o planejamento será reavaliado – as salas, assim como cinemas, museus e bibliotecas, só poderão funcionar entre 12h e 21h. Ou seja, se o teatro for uma opção de lazer para os próximos dias, o jeito é ficar em casa. Mas não necessariamente para assistir a um espetáculo pela Internet!
O RIO ENCENA consultou a atriz, escritora e tradutora Luciana Kezen, que escreve aos domingos para o site, e pegou algumas dicas de leitura de livros que viraram peças. São romances nacionais e internacionais adaptados para os palcos brasileiros nos últimos anos e que, em tempos de pandemia, podem aproximar o espectador do teatro.
A primeira dica é “A casa dos Budas ditosos”, do baiano João Ubaldo Ribeiro (1941-2014), escrito em 1999 e que virou sucesso nos palcos quatro anos depois, com Fernanda Torres no papel de uma senhora nada tímida para compartilhar com o público sua experiências sexuais.
— O livro é sobre uma sexagenária que narra suas aventuras sexuais ao longo da vida, e faz um tratado sobre sexualidade, moral, ética e a hipocrisia dos costumes sociais. Esse espetáculo que foi montado há mais de 16 anos, sob a direção de Domingos de Oliveira é um monólogo estrelado pela maravilhosa Fernanda Torres, que inclusive ganhou um prêmio Shell — relembra Luciana.
Ainda entre romances nacionais, “A hora e a vez de Augusto Matraga” é o ultimo conto de “Sagarana” (1946), o primeiro livro do escritor mineiro Guimarães Rosa (1908-1967). No teatro, foi montado em 2007, com Vladimir Brichta como o personagem do título, um homem violento – inclusive com a própria família – que vê sua vida mudar após uma emboscada.
— Esse incrível texto do Guimarães Rose foi levado aos palcos sob a direção de André Paes Leme em 2007 com um espetáculo que foi regado de musicalidade e uma linguagem narrativa – acrescenta Luciana.
Já no campo dos romances internacionais, Luciana também indica dois títulos. Um deles é o clássico “Moby Dick”, escrito pelo norte-americano Herman Melville (1819-1891) em 1851. O livro conta a história de uma grande baleia branca que ataca insistentemente uma embarcação, e a adaptação mais recente “Eu, Moby Dick”, dirigida por Renato Rocha a partir da dramaturgia de Pedro Kosovski e que esteve em cartaz online recentemente, levanta questionamentos sobre caminhos escolhidos e confrontados na vida.
— Esse clássico da literatura mundial já tem mais de século de garantia de uma excelente estória — destaca Luciana, que também analisou o espetáculo apresentado pelos atores Gabriel Salabert, Kelzy Ecard, Márcio Vito e Noemia Oliveira.
Para encerrar nossas dicas, “Fim de caso”, de 1951, com autoria do britânico Graham Greene (1904-1991). A obra, que mostra os altos e baixos de um triângulo amoroso, foi levado aos palcos há dois anos no Rio de Janeiro, com direção de Guilherme Piva e um elenco formado por Eriberto Leão, Vannessa Gerbelli e Isio Ghelman.
–Em 2019, Thereza Falcão fez a adaptação para o palco do romance “Fim de Caso”, sobre um triângulo amoroso onde se discute temas como ética, responsabilidade emocional, obsessão e envolvimento tóxico — complementa Luciana.
Mas se além da leitura você quiser assistir a um espetáculo de fato, basta conferir o que está rolando – virtual e presencialmente – acessando a nossa seção Em Cartaz. E divirta-se!