Na fria noite da última quinta-feira (29), tive o privilégio de me aconchegar em calça e camisa de moletom e me deliciar com o musical ‘Elza’, que retrata a trajetória de vida da majestosa pessoa que é Elza Soares. Não acho que Elza Soares precise de apresentação ou explicação. Você sabe quem ela é, você conhece sua voz.
O musical começa com vozes e sons. Começa falando de mulheres transformadores. Começa com mulheres em cena. Começa com Elza. Começa comigo chorando antes do texto começar a ser dito. Eu estava entregue ao espetáculo! São 130 minutos de um musical que eu ainda teria assistido por mais uma hora. Sem me incomodar.
Se você é fã de Elza Soares, se você nunca ouviu falar desse ícone, se você nem gosta muito desta artista incrível, esse musical é para você. Esse musical é para todos que gostam de musicais, de boas peças, de música maravilhosa. É um
musical necessário.
Em cena, Janamô, Júlia Tizumba, Késia Estácio, Khrystal, Laís Lacôrte, Verônica Bonfim e a atriz convidada Larissa Luz se multiplicam em Elzas. Suas vozes, seus corpos, suas musicalidades sempre afiadas como todos os trabalhos, com o dedo dia Duda Maia.
Na direção, Duda fez escolhas que me surpreenderam a cada momento. E que escolhas! Tive meu coração partido por Espumas ao Vento. Achei fantástica a entrada de cores quando Mané Carrincha entra na vida da Elza Soares. Junto com
o amor, as cores e Tom Jobim.
O texto de Vinícius Calderoni é uma grande partitura musical entrelaçada de músicas uma vez cantadas pela divina cantora. “Não pode acontecer nada pior que um ‘não', e com o ‘não' eu já estou acostumada.”
André Cortez, que assina o cenário, e Renato Machado, que assina a iluminação, fazem um trabalho em um uníssono tão integrado, que é difícil saber onde o trabalho de um começa e o do outro, termina.
As musicistas Georgia Camara (bateria), Guta Menezes (trompete, flugelhorn e gaita), Marfa Kourakina (baixo), Neila Kadhí (programaçōes, pandeiro e guitarra), Priscilla Azevedo (teclado, sanfona e escaleta) e Antonia Adnet (violōes e
cavaquinho) – que também assina a direção musical junto com Pedro Luís e Larissa Luz – fazem miséria com seus instrumentos e o tempo da peça. E os arranjos de Letieres Leite intensificam as intenções da história relatada em cena.
Lindo de ver também os figurinos de Kika Lopes e Rocio Moure valorizarem as atrizes em cena, individualmente, deixando suas personalidades físicas se misturarem com a vida de Elza.
Hoje, aos 91 anos, Elza Soares possui uma carreia tão vasta quanto a história da sua vida e sua extensão vocal. Seu talento, indescritível! “Falar estilhaça a máscara do silêncio.” Por favor, perdoe meu entusiasmo, só que tem trabalhos que a gente fica impressionada do começo ao fim.
Você ainda tem tempo, assista. As apresentações gratuitas online que acontecem hoje, e de quinta até dia 8 de agosto, sempre as 20h.
Dúvidas, críticas ou sugestões, envie para luciana.kezen@rioencena.com.
Um aceno de mão efusivo e até a próxima semana.
SERVIÇO
Onde assistir: YouTube – Canal Sarau Agência | Sessões: Quinta a domingo às 20h | Período: 22/07 a 08/08 | Elenco: Janamô, Júlia Tizumba, Késia Estácio, Khrystal, Laís Lacôrte, Verônica Bonfim e a atriz convidada Larissa Luz | Direção: Duda Maia | Texto: Vinícius Calderoni | Classificação: 14 anos | Acesso: Gratuito (com contribuição voluntária) | Gênero: Musical | Duração: Não informada
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