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Como eu estava sentindo falta de escutar aquele primeiro sinal!

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35 anos, bacharel em Artes Cênicas pela UNIRIO, licenciada em Letras pela Estácio de Sá, atriz, escritora, tradutora e ávida leitora nas horas vagas.
Tempo estimado de leitura: 2 minutos

É, minha amiga, se você pensou que ia estar livre dessa pandemia mundial no segundo semestre de 2020, se enganou. Aqui estamos nós. Em agosto. Mês oito! Nem quero mais contar semanas agora. Vou começar a contar meses. Espero não precisar recorrer a contar anos…

Não me deixando deprimir nem ser fatalista, recorro  arte. Tiro de onde`consigo. Tendo um número ilimitado de livros e peças ao meu dispor, mergulho de cabeça no mundo virtual para satisfazer minhas necessidades. Na falta de poder sentar e sentir as borboletas no estômago quando as luzes se apagam na plateia, aceito minha dose de onde consigo. Açúcar e Cafeína me ajudam a passar o tempo razoavelmente bem. Uma pena que também fazem com que eu entre em um modo repetitivo, me acostumando com uma rotina confortável. Nada muito interessante acontece na minha zona de conforto. Por isso, aventuro-me a novas experiencias sempre que possível.

Dentro da minha zona de conforto está o teatro. Durante essa pandemia tenho assistido a uma grande variação de espetáculos teatrais. Especialmente esta semana, assisti a uma peça ao vivo pelo aplicativo Zoom. Como de costume, “cheguei” um pouco antes do horário. Abri o programa, me certifiquei que tudo estava certo, sem problemas com a transmissão, ouvi o primeiro sinal.

Como eu estava sentindo falta de escutar aquele primeiro sinal. Percebi que ainda tinha tempo para ir ao banheiro. Volto, me ajeito no meu quarto. Segundo sinal. Como eu estava sentindo falta dessa espera. Era a hora. Terceiro sinal. Começa o espetáculo!

“Todos os sonhos do mundo”, dirigido por Rodolfo García Vázquez, monólogo atuado por Ivam Cabral e concepção dos dois. Ivam Cabral começa descrevendo a peça “como uma autoficção, um stand up tragedy”. E entramos no universo poético criado em cena. Apresentada internacionalmente em Portugal e Cabo Verde, o espetáculo conta com um grande número de poesias, uma mais bela que a outra.

Ivam Cabral em “Todos os Sonhos do Mundo” Foto: André Stefano/Divulgação

Um belo espetáculo! Tenho que dizer que senti falta de estar com a plateia. Mesmo sabendo que dentro da “sala” do Zoom havia mais gente assistindo à peça. 65 pessoas. Um número até razoável. 65 pessoas das quais não tomei conhecimento durante a peça. Não ouvi essas 65 pessoas. Nem rindo, chorando, se espantando, tendo qualquer reação. Um espetáculo sem ruído. Foi uma experiência nova. Diferente.

Sendo rata de ensaio como sou – adoro ir ensaiar e assistir ensaios de amigos – achei um tanto quanto peculiar essa falta de sons extras. Não que tenha achado  que isso fez o espetáculo melhor ou pior, foi apenas diferente. Novo. Sempre interessante uma nova experiência.

Se você ainda não teve a oportunidade de assistir a algum espetáculo ao vivo pela Internet, não se prive mais. Sem medo de ficar doente e sem precisar enfrentar fila para usar o banheiro antes da peça, foi algo que realmente curti.

Mantenho a opinião de que não se devem reabrir os teatros por enquanto. Continuem usando máscaras. Lavem suas mãos. Fiquem em casa o quanto possível. Um aceno de mão efusivo e até a próxima semana.

Dúvidas, críticas ou sugestões, envie para luciana.kezen@rioencena.com.

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