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‘Mãe de Santo’: um primor sobre injustiças raciais e religiosas

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35 anos, bacharel em Artes Cênicas pela UNIRIO, licenciada em Letras pela Estácio de Sá, atriz, escritora, tradutora e ávida leitora nas horas vagas.
Tempo estimado de leitura: 2 minutos

Muitas vezes, vejo uma peça com grandes e talentosos nomes na ficha técnica, mas acabo me decepcionando com o resultado. Não foi este o caso de “Mãe de Santo”. Se você ainda não assistiu a nenhum trabalho com a Vilma Melo, por favor, atualize-se e não perca a oportunidade de conferir este solo.

Vilma o protagoniza com a maestria que leva para todos os seus papéis, mostrando que não é à toa que ganhou o Prémio Shell de Melhor Atriz por “Chica da Silva, O Musical” em 2016. Repetindo, agora, a parceria que deu certo naquele ano, “Mãe de Santo” é escrito pela talentosa Renata Mizrahi, também ganhadora do Shell por “Galápagos”, em 2015. De cara, com essas duas na ficha técnica, dá para perceber o nível que o trabalho terá.

Na direção, Luiz Antônio Pilar traz um tom cinematográfico que comporta ao texto, utilizando formas de multiplicar a protagonista em cena de uma maneira que fortalece ainda mais a trama. Wladimir Pinheiro assina a trilha sonora original que muito me angustiou, junto à mudança de nuances da história e interpretação em cena.

Vilma Melo é a protagonista de “Mãe de Santo” Foto: Daniel Leite/Divulgação

Agora, a iluminação de Anderson Ratto traz um complemento para toda a ação no palco que é surpreendente. Em um certo momento, Vilma Melo se debruça em um grande recipiente côncavo com água e a luz vindo da água refletindo em seu rosto é algo sublime. Que toque!

Estamos em uma palestra, um TED Talk, logo me ajeito e me proponho a aprender, não sei sobre o assunto. Quem nos fala é uma mulher negra, estudiosa em Filosofia e Yalorixá. Vou tomando conhecimento, e também me indignando, do que “é praxe” para pessoas que, ao meu ver, não são diferentes de mim, mas que uma parte considerável da sociedade assim as considera.

Na minha condição de mulher, gestante, quem sou eu para dizer que entendo o que essa protagonista passa? Me revolto com as injustiças e descasos enfrentados por mulheres negras, e esse ato fílmico me toca de uma forma contundente. São 30 minutos de um texto composto por muitas falas não ditas, diálogos que ficam engasgados, frases que não foram escutadas.

Um aceno de mão efusivo e até a próxima semana.
Dúvidas, críticas ou sugestões, envie para luciana.kezen@rioencena.com.


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