Busca
Menu
Busca
No data was found

Musical infantil ‘Pimentinha’ é homenagem a Elis Regina e ode feminina de qualidade

Share on facebook
Share on twitter
Share on whatsapp
35 anos, bacharel em Artes Cênicas pela UNIRIO, licenciada em Letras pela Estácio de Sá, atriz, escritora, tradutora e ávida leitora nas horas vagas.
Tempo estimado de leitura: 2 minutos

“Você não sente, não vê, mas eu não posso deixar de dizer, meu amigo
Que uma nova mudança em breve vai acontecer
O que há algum tempo era novo, jovem
Hoje é antigo
E precisamos todos rejuvenescer”

_ Antonio Belchior

É assim que o elenco de “Pimentinha – Elis Regina para crianças” toma conta do palco e começa mais este lindo espetáculo do Grandes Músicos para Pequenos. E, claro, com meu desespero aumentando a cada hora por conta de toda a situação nacional, em poucos minutos, eu já estava chorando.

“Alô alô marciano
Aqui quem fala é da Terra
Pra variar, estamos em guerra”

_Rita Lee e Roberto de Carvalho

Sabe por que é sempre lindo escutar Elis Regina cantando Rita Lee? Porque quando Rita foi presa, Elis chegou na prisão falando que era um absurdo prenderem sem provas uma mulher grávida. Grandes mulheres fazem isso, elas agregam, elas juntam. Afinal, como disse Simone de Beauvoir “ninguém nasce mulher: torna-se mulher”.

E a Pimentinha do Brasil se tornou mulher, se tornou mãe e se tornou uma das vozes mais potentes do Brasil e do mundo! Como não gostar de uma peça que lembra da primeira aparição na rádio de Elis Regina? Afinal, ela não conseguiu cantar. Não é lindo? Mulheres superam seus medos.

Eu tenho uma sobrinha linda, chamada Elis, de um ano e meio, e que usa óculos, e não consigo deixar de pensar em todos os preconceitos que, como mulher, já passei e ainda passo, e quero mais que minha pequena Elis assista a peças assim, que mostrem para ela que ela é capaz de tudo, que ela coloque a mente dela para realizar.

O musical conta passagens marcantes da trajetória de Elis Regina Foto: Andrea Rocha ZBR/Divulgação

Com uma boa visão política em cima de frases que estamos muito acostumados a escutar, mas que não necessariamente precisamos tolerar, como “O meu pai é o dono dessa rádio!”, o texto de Pedro Henrique Lopes se destaca dando excelentes frases à pequena Lilica, que não fica quieta e não se subjuga ao que lhe é imposto e não agrada.

“Menina tem que ter modos”; “O meu modo de ser menina é esse!”. Sim! E esse seu modo de ser menina é lindo!

Diego Morais dirige esse espetáculo como uma grande ode feminina, com um elenco que está de parabéns. Jullie (Lilica) tem uma voz que me emocionou e me fez parecer pateta porque eu ainda não a conhecia; Erika Riba (Dona Ercy), Lucas da Purificação (Jairzinho), Stephanie Serrat (Diva), Layla Paganini (Produtora) e Pedro Henrique Lopes (Adelino Junior e Adelino), que parece cada vez mais adepto a se divertir com os papéis que escreve.

Gostei que a montagem de Diego Morais, mesmo sendo filmada, não perdeu a marca teatral de suas peças, com direito a um duelo musical bem divertido! Mas não sou fã do artefato de aplausos gravados usado entre um número musical e outro, porque quando escuto aplausos gravados perco a vontade de aplaudir sozinha. Sim, eu aplaudo sozinha bons momentos em casa.

Guilherme Borges assina a direção musical, que com o cenário e o figurino de Clivia Cohen, ganham dimensões que parecem não se conter só na câmera. A coreografia de Natacha Travassos dá um toque feminino e audaz sem deixar de homenagear as diferenças de personalidades femininas da época.

Dá orgulho ver um trabalho desses, sabe? Não perca a oportunidade de assistir essa peça que é para crianças e adultos.

Um aceno de mão efusivo e até a próxima semana.
Dúvidas, críticas ou sugestões, envie para luciana.kezen@rioencena.com.

Leia Também

No data was found
Assine nossa newsletter e receba todo o nosso conteúdo em seu e-mail.