Estamos em guerra e o inimigo é invisível. Não temos como saber de onde vem o perigo. Temos que nos proteger. Particularmente, eu não sei como vocês estão lidando com toda a situação. Aqui tá tenso. Os nomes vão chegando. Parentes e amigos indo parar no hospital. Não sabemos se quem entra, sai ou não. Não sabemos se poderemos chorar no funeral, mas com certeza não abraçaremos uns aos outros para nos consolar.
Na última semana, ficamos sabendo que os teatros na Broadway, em Nova York, vão se manter fechados até 2021. Não se tem mais dúvida: não é uma boa opção teatros voltarem a funcionar agora. Ainda não sabemos dos nossos teatros no Rio de Janeiro. Ambientes fechados são sempre um problema em relação a contaminações. Eventos ao ar livre podem estar sendo liberados para o público, da mesma forma que shoppings estão abrindo. Será essa a melhor opção no momento? As ondas de contágio e mortes não parecem diminuir. Muito pelo contrário, parecem aumentar. O que me deixa bem insegura em estar perto de outras pessoas.
Se bem que eu, não necessariamente, preciso de muito para querer evitar pessoas em geral. Como eu disse no começo da pandemia, a arte está mudando. Depois de alguns meses, projetos mais ambiciosos começam a vir à tona. Programas estão sendo realizados dentro de casa no momento. Peças gravadas estão sendo bem aceitas. Lives estão crescendo em número assustador semanalmente. Os artistas não conseguem parar. Precisamos produzir. Precisamos nos expressar de alguma forma. Textos estão sendo criados, especificamente, para serem transmitidos ao vivo.
Monólogos estão em voga, principalmente pelo fato de ter menos pessoas trabalhando no projeto. Essa semana começaram as apresentações online de “Onde estão as mãos essa noite”. Um projeto desenvolvido na quarentena, ensaiado por dois meses. Algo que surgiu com os artistas apenas querendo se ocupar sem nenhuma pretensão e
que acabou rendendo uma ideia bem bacana. Com dramaturgia de Juliana Leite, direção de Moacir Chaves, direção de arte de Luiz Wachelke e no elenco a maravilhosa e extremamente talentosa atriz Karen Coelho. Uma peça gratuita de trinta e cinco minutos, com reserva por e-mail (maosaoteatro@gmail.com) e bate-papo após as apresentações. Uma peça de quarentena!
Se ainda não está na hora de voltar às escolas, também não acho que esteja na hora de abrir espaços fechados. Mesmo com capacidade abaixo do costume. Quando o perigo está no ar, não podemos controlar. No teatro, o mesmo ar que o ator respira, a platéia também.
Tenho que dizer que estou achando lindas as movimentações artísticas no momento. Estou adorando as novas ideias de como fazer a arte se propagar mesmo com todas as restrições que temos que seguir.
Se cuidem. Lavem as mãos. Permaneçam em casa. E claro, continuem a assistir peças teatrais.
Um aceno de mão efusivo e até a próxima semana.
Dúvidas, críticas ou sugestões, envie para luciana.kezen@rioencena.com.