Decidida a se matar, da janela de seu próprio apartamento, uma mulher acompanha o cotidiano dos vizinhos do prédio da frente. Alimentando-se de suas vidas, monotonias e costumes. Somos levados por ela a conhecer um pedacinho da vida de cada um dos vizinhos, enquanto vamos vendo sua vida desenrolar diante dos nossos olhos.
Vemos em cena uma visão bem apurada de solidão, efusiva alegria, mentiras, procura, desculpas… Um quadro depressivo convincente, tratado com uma boa dose de seriedade e humor.
Nesse monólogo, Marcélli Oliveira em cena me lembrou Andrea Beltrão fazendo ‘Antígona’, dirigida por Amir Haddad. Uma virada de rosto, uma energia contagiante, a escolha dos gestos claros que não nos deixa confusos nem por um momento sobre quem é quem na narrativa contada.
Em cartaz no SESC Tijuca sextas, sábados e domingos às 19h, até dia 15 de março; “Se não Agora, Quando?” é um espetáculo muito bem escrito, que trata de depressão e suicídio. Marcélli Oliveira, que idealizou, escreveu e atua no processo, está muito bem durante os 60 minutos de cena.
Desde o momento em que o teatro é aberto à plateia, nos deparamos com o universo que nos é proposto pela encenação. Sentamos e vemos que não há nada desnecessário no palco ou no figurino ou na luz ou no cenário. Tudo tem um propósito distinto. Claro.
Um lindo cenário minimalista de Marieta Spada. Um figurino aconchegante de Tiago Ribeiro. A luz recortada de Paulo César Medeiros. Tocante a música original de Leandro Castilho. A direção de Leonardo Hinckel junta todos os elementos sem deixar de aclamar cada um deles.
“Se nada aconteceu na sua vida, você se alimenta da vida dos outros.”
Abraços efusivos e até a próxima semana!
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