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Vamos falar de musicais?

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35 anos, bacharel em Artes Cênicas pela UNIRIO, licenciada em Letras pela Estácio de Sá, atriz, escritora, tradutora e ávida leitora nas horas vagas.
Tempo estimado de leitura: 3 minutos

Gosto de partir do princípio de que me dou melhor escrevendo sobre o que eu sei, sobre peças que já assisti. Então, como decidi falar de musicais hoje, tenho que dizer que vou falar de alguns que assisti. Dito isso, aí vai.

Lembro que eu já lia. Devagar, claro. Filmes legendados ainda eram uma tortura. Na época, eu tocava piano e aprendi a tocar a musica tema d”O fantasma da ópera”. Minha professora de piano me contou a estória e achei o máximo. Naquela época, éramos incentivados a recortar palavras de revistas e jornais pelos nossos professores da escola. Meu tio-avô me ensinou qual era a parte de arte e cultura do jornal, assim, já que eu tinha que ler, pelo menos que fosse sobre algo que eu entendesse.

Foi ali, procurando palavras na seção de arte e cultura do jornal, que eu li a matéria sobre “O Fantasma da ópera”, no Rio de Janeiro. Até hoje eu não tenho ideia de como convenci os progenitores a me levarem para o Rio de Janeiro [que na época ficava a quatro horas de distância]. E ainda mais, me levarem até um musical que teria legenda [ – Você vai acompanhar a estória, Luciana? – Como que você vai entender o que eles estão dizendo? – Você
não lê rápido o suficiente ainda. ]. Foi lindo. Eu fiquei encantada. Quando o Fantasma sai do espelho! Ah… genial!

Cresci sabendo que Chico Buarque escrevia musicais. Me apaixonei por Lucinha Lins em “Os Saltimbancos Trapalhões”. Claro que já assisti montagens de “Calabar” e de “Gota d’Água”. Mas eu falo da Ópera, porque é a Ópera que mexe comigo. Chico Buarque arrasa com as letras da “Ópera de Malandro” e as estórias por trás das músicas.

Sentido horário: “Vamp” (E), “Raulzito”, Auê”, “nome”, “Contos” e “Rapsódia” Fotos: Divulgação

“Geni e o Zepelim”. Genial! Lucinha Lins no elenco. Eu, chorando na platéia, entre duas jovens senhoras de 77 e 75 anos.

Nos últimos anos, assisti a muitos musicais legais, dentro e fora do país. Gostaria de dar destaques a algumas montagens nacionais que eu adorei. Como “O meu sangue ferve por você”, da mesma forma de “O fantasma da Ópera”, eu gostei tanto, que assisti mais de uma vez. Esse maravilhoso e divertido musical de Pedro Henrique Lopes celebra o brega com maestria. Alias, ô menino talentoso! Pedro se destaca também na cena de peças cariocas infantis, pela qual tenho muito apreço. Em especial, no ano passado, fui pega de surpresa com “Raulzito Beleza”, um
musical baseado em musicas do Raul Seixas. Delicada e comovente, a peça conta a estória de um menino que é tido como uma criança problemática, que precisa se enquadrar nos padrões sociais que lhe são oferecidos.

Como não sei da sua infância, vou falar da minha. Eu sempre adorei estórias de vampiros. Quando fizeram o musical baseado na novela “Vamp”, eu fui correndo comprar meu ingresso. Era tudo que eu estava esperando! Eu estava com um grupo de amigos na plateia, rindo e batendo palma a todo momento. Ney Latorraca e Claudia Ohana parecem que não envelheceram um dia desde década de 90.

Tanto em “Auê” como em “Contos de Partidos de Amor”, a direção de Duda Maia me impressionou. Seus musicais ocupam um lugar muito especial nos palcos cariocas, sendo infantil ou adulto. Todos os atores escolhidos a dedo por seus talentos vocais e rítmicos fazem das montagens de Duda Maia algo realmente único.

Eu sou do tipo que gosto de me divertir no teatro. Por favor, não me leve a mal, não quero só dizer dar risada. Eu me divirto horrores quando uma peça mexe comigo, quando choro, me emociono, dou risadas e até faço ‘uh hul’ entre cenas quando acho que vale a pena. Em “Rapsódia- O Musical”, de Mau Alves, eu fiz tudo isso e ainda assobiei. Nada como um musical que envolve a platéia. Cenário, iluminação, vozes, composições originais, figurinos, maquiagem… eu adorei! Acho que “Rapsódia” devia ter ficado mais tempo em cartaz!

Gostaria de incluir ainda, que não menosprezo grandes montagens de textos traduzidos. Acho divertido. Assisti ainda nos palcos cariocas “Os produtores”, de Mel Brooks e Thomas Meehan [particularmente um dos meus favoritos]; “Como vencer na vida sem fazer força”, de Abe Burrows, Jack Weinstock e Willie Gilbert [uma
gracinha]; “Cats”, de Andrew Lloyd Webber [estou esperando a estória da peça acontecer até hoje]; “A noviça rebelde”, de Howard Lindsay e Russel Crouse [acho a estória um saco]… entre outros.

Das versões brasileiras de musicais estrangeiros, destaco “[nome do espetáculo]”, de Hunter Bell. Um espetáculo pouco conhecido da Broadway que ficou um arraso nos palcos cariocas e teve pouca repercussão. Uma pena. Uma comédia musical sobre como montar um musical.

Levando em consideração que a voz da minha cabeça que está sempre cantando se amarra em musicais, eu passo muito tempo escutando trilhas sonoras. Vai ver que é por isso que sou tão fã da banda Blitz. Musicas com estórias, saca?

Um aceno de mão efusivo e até a próxima semana
Dúvidas, críticas ou sugestões, envie para luciana.kezen@rioencena.com.

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