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‘Vizinhos’: texto bonito e poético, iluminação excelente e uma trilha sonora maravilhosa

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35 anos, bacharel em Artes Cênicas pela UNIRIO, licenciada em Letras pela Estácio de Sá, atriz, escritora, tradutora e ávida leitora nas horas vagas.
Tempo estimado de leitura: 2 minutos

Qual foi a última vez que você assistiu a algo sem saber nada sobre o que estava assistindo? Aliás, alguma vez você já fez isto? Já entrou em um teatro para assistir a algo apenas porque estava passando por ali? Ou entrou em uma exposição sem saber quem era o artista em questão? Um tanto quanto peculiar imaginar isto, não?

Sem dúvida alguma que, em pleno século XXI, isto é ainda mais difícil do que nunca. Temos nas nossas mãos propagandas o tempo de todo, de tudo. Tudo o que vamos assistir e até de muitas coisas que nem passam em nossas mentes assistir de forma alguma.

Da mesma maneira que eu tinha costume de ir, frequentemente, a alguns teatros específicos por proximidade em tempos não pandêmicos, acabei por desenvolver um certo hábito de algumas plataformas digitais. Sempre que me vejo na dúvida do que assistir ou até mesmo para procurar sair um pouco da pequena esfera que conheço,digito no buscador algo bem simples: procurar peça de teatro. A plataforma da vez foi a Sympla. Foi ali, que me deparei com essa peça, e não me arrependo: “Vizinhos”, da Companhia de Teatro Íntimo, fica em temporada integral (disponível 24h por dia) até o dia 18 de Julho.

João Matheus, um jovem estudante negro, acaba de chegar dos Estados Unidos e se muda para o mesmo prédio onde Renato, um técnico de natação branco, mora. Enquanto João Matheus passa pelo período de isolamento pós-viagem para se reunir a sua família adotiva, os novos vizinhos começam a se conhecer com momentos de irritação, amizade, tensão, cumplicidade e parceria. Afinal, pessoas morrem ao nosso redor e, especialmente em tempos de pandemia,
os vizinhos são as pessoas mais próximas.

João Manoel (E) e Renato Farias, que também assina direção e texto, contracenam em “Vizinhos” Foto: Thaisa Lotta/Divulgação

Renato Farias, que também assina a direção geral da peça, escreve um texto bonito e até poético, no qual a aproximação dos dois personagens se desenvolve muito bem nos 70 minutos de espetáculo. “Esse vírus veio escancarar o quê? A gente já devia ter aprendido com a AIDS”.

Essa comédia romântica foi filmada no Solar de Botafogo, e toda a ação se passa em um palco. A iluminação de Rafael Sieg faz um excelente trabalho com ambientes e tensões de cena. Queria ainda dar um destaque para a maravilhosa trilha sonora de Muato. Acho que já virei fã.

Vale a pena conferir o programa virtual da peça também. Aliás, não vejo um programa de peça há tanto tempo. Senti uma vontade grande de poder segurar um programa de peça nas mãos.

E no ultimo final de semana do Mês de Orgulho LGBTQIA+, eu gostaria de lembrar a todos que amor é amor e é amor.

Um aceno de mão efusivo e até a próxima semana.
Dúvidas, críticas ou sugestões, envie para luciana.kezen@rioencena.com.

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