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Por um mundo mais colorido e menos bicolor

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35 anos, bacharel em Artes Cênicas pela UNIRIO, licenciada em Letras pela Estácio de Sá, atriz, escritora, tradutora e ávida leitora nas horas vagas.
Tempo estimado de leitura: 2 minutos

Estamos com uma enxurrada de projetos contemplados pela Lei Aldir Blanc. Para todos os cantos da Internet, vejo lindas propagandas de um projeto mais interessante do que o outro. Sei que não vou conseguir assistir a vários destes projetos, mas também sei que vou me esforçar bastante para assistir ao máximo que puder. E, claro, vou procurar dividir minhas experiências com vocês aqui.

A edição 13 do Niterói em Cena, Mostra Internacional, está acontecendo desde quinta-feira à noite e ainda vai continuar acontecendo por mais alguns dias. Além de peças, também tem umas oficinas bem legais. Vale bem a pena dar uma olhada na programação.

Mas como já faz algumas semanas que não assisto a nada infanto-juvenil, fui atrás de  uma peça para quem está com os pequenos em casa. Aliás, como marca de um bom espetáculo, “Marrom – Nem Preto, Nem Branco?” não é só para crianças.

Inspirada na história real de Lorena de Melo Schaefer (filha da protagonista Vilma Melo), Linda, a personagem, é filha de pai branco alemão e mãe negra brasileira. A jovem, então, é a fusão deste encontro entre duas pessoas com referências culturais e familiares distintas. Como não era branca como o pai, nem negra como a mãe, ela se definiu como marrom. Com uma narrativa divertida, ela enfrenta tudo com muito humor, personalidade e música, para fazer pessoas de todas as idades refletirem sobre a pluralidade cultural que existe ao nosso redor.

Difícil eu me decepcionar com um texto da Renata Mizrahi, esse não é exceção. Ver a protagonista, Linda, percebendo as diferenças de como ela é tratada quando está com a Mãe, negra, e quando ela está com o Pai, branco, me deu um tapa para lembrar que muitas vezes são as pequenas frases ditas pelos outros que acabam com a nossa auto-estima desde cedo. Ter espetáculos como esse em cartaz é fundamental para abrir uma discussão entre pais e filhos de todos os tons de pele.

Vilma Mello em cena com Anna Paula Black (Guilherme Miranda/Divulgação)

Gostaria de dar destaque ao Cenário e Figurino de Carlos Alberto Nunes, que me encantou em vários momentos. Não só fazendo grande diferenciação entre os personagens, como também na estética cênica. Tão lindo o lúdico de um guarda-chuva virando balão.

Marcelo Alonso Neves faz da trilha sonora em cena, não só um fundo de pano para a aventura de Linda, como também se utiliza de subterfúgios sonoros para identificação de humor dos personagens. Juntos com a iluminação de Binho Schaefer, os dois elementos se completam tornando fácil de embarcar nos questionamentos expostos no palco.

Um grande parabéns aos cinco atores em cena também. Anna Paula Black, Guilherme Miranda, Maycon Marcondes, Maíra Berg e Vilma Melo rapidamente me fizeram esquecer que eu estava vendo cinco pessoas em cena. Gosto de ficar na dúvida de quem está fazendo o que em qual momento, e esses cinco fizeram um bom trabalho com isso.

Difícil ver uma criança repetindo tantas vezes “eu só quero me esconder”. Não acho que temos que esconder quem somos e nem como somos. É importante aprender a respeitar as diferenças dos outros desde sempre. Como não se comover com a beleza da frase “se você ficar igual a tudo, vai perder a identidade?”.

“Marrom – Nem Preto, Nem Branco?” fica em cartaz no YouTube até dia 25 de Fevereiro. Não perca a oportunidade de assistir a essa encantadora peça.

Um aceno de mão efusivo e até a próxima semana.
Dúvidas, críticas ou sugestões, envie para luciana.kezen@rioencena.com.

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